PARA
ENTENDER POSSÍVEIS CAMINHOS DE UMA ECONOMIA PARA O BRASIL
Sempre que ocorre uma mudança
de paradigma todas as ações e atividades começam do zero, ou seja, não mais se
tem ou demonstra interesse em repetir os padrões que já foram utilizados pelo
velho paradigma. Esta premissa deve ser considerada importante para todas as
áreas que representam a dinâmica do desenvolvimento social, econômico,
administrativo para uma empresa, uma comunidade, um pais.
Uma questão que ressalta desta
premissa para entender as possíveis mudanças que podem ou devem ocorrer no
modelo econômico brasileiro refere-se ao velho conceito incrustado no processo
decisório de, em lugar de mudar as coisas, dar preferência a reformar as
coisas, e com isso a mudança de paradigma parece ficar adiada para um outro
momento e dar preferência a arrumar o ambiente, mudar de lugar ou rearranjar os
padrões em uso. Isto leva a perdurar com o mesmo do mesmo e nunca em querer
mudar o mesmo por algo novo, diferente e sem qualquer resquício do modelo
anterior.
Assim, a mudança de paradigma
parece não ser percebida porque “tudo continua como antes na Vila de Abrantes”
e, como nada parece mudar, logo os fatores que tornam a Economia atrelada a
conceitos sem qualquer valor estratégico, os padrões econômicos tendem a se
tornar as colunas permanentes que não contribuem para um desenvolvimento capaz
de recuperar a competitividade do país. Como, então, recuperar ou desenvolver
uma estrutura competitiva sem levar em consideração mudanças em lugar de
reformas?
Compreender esta questão nos
conduz a identificar os possíveis caminhos que poderão nos levar a acreditar
que ocorrerão mudanças no modelo socioeconômico do Brasil, a começar pelas
propostas e projetos que surgirão nessa nova matriz governamental.
O que certamente pode
dificultar a implantação de um novo paradigma para começar do zero todas as
atividades governamentais é o predomínio dos princípios da Economia sobre os da
Administração. A deficiência ou falta de uma competência administrativa para
atender a uma competência fortemente econômica pode dificultar a realização de
projetos com conteúdo estratégico de que tanto carece a gestão pública do
Brasil.
O fato de, até então, existir
mais valorização das propostas criadas por economistas – sem desmerecer suas
competências – no ambiente governamental, deixando em plano inferior ou sem
considerar as competências dos administradores como um dos pilares importantes
para criar, promover e implantar estratégias e táticas governamentais em prol
das mudanças de que carece o Brasil, tem proporcionado o atraso do país em
todas as áreas prioritárias entre as quais estão: indústria, pesquisa e
desenvolvimento, educação, saúde e segurança nacional.
A leitura e interpretação da
questão acima apresentada pode ser mais bem interpretada pelos administradores
do que pelos economistas, porque os primeiros buscam meios e recursos para
promover mudanças e agir no conjunto essencial dos problemas, para produzir
resultados efetivos, enquanto os segundos preferem promover reformas sem se
preocupar com a essência das estruturas que são de forma rápida reformadas para
atender apenas a ajustes de índices macroeconômicos.
Juntar Administração com
Economia e Política pode resultar em efetividade para a governabilidade do
país, enquanto que Economia e Política sem Administração, nas condições atuais
de um mundo 4.0, tende a levar o país a permanecer sempre em atraso em relação
à dinâmica do desenvolvimento econômico mundial. Superar este atraso e começar
a recuperar a capacidade competitiva em todos os sentidos: local, regional,
nacional, internacional e global representa o principal investimento de energia
para caminhar com uma economia para o Brasil atual, começando do zero e sem
olhar demais pelo retrovisor para não cair no dilema de paradigmas. Entender de
modo efetivo e sem reatividade ideológica estes caminhos deve ser condição
precípua de governança para os que se propõem dirigir o estado nacional e todas
as suas partes operacionais.
O processo decisório dentro do
sistema de governabilidade é mais efetivo e alcança melhores resultados essenciais
quando é realizado por Administradores do que por Economistas porque o
administrador trabalha no nível essencial das ações e atividades enquanto o
economista trabalha com o nível periférico (macroeconômico) ou com a superfície
e partes do sistema organizacional (microeconômico).
A Economia se detém com muita
energia na identificação dos recursos e as razões de sua escassez desenvolvendo
índices econométricos para mostrar as áreas em que se localizam o ganho ou
perda de eficiência econômica em sentido micro e macro, sem apresentar soluções
para que essa deficiência seja efetivamente corrigida e possa agregar valor ao
conjunto ou totalidade do sistema governamental.
Por outro lado a Administração
se ocupa com a aplicação eficiente e eficaz dos recursos, a fim de alcançar
resultados que possam agregar valor ao sistema governamental em sua amplitude
micro e macro de gestão e governabilidade.
Entender os possíveis caminhos
que contribuam para a realização de uma economia é importante para que se possa
realizar uma dinâmica administrativa capaz de utilizar com eficiência, eficácia
e efetividade os recursos agregados ao sistema governamental, a fim de alcançar
o melhor retorno em forma de benefícios para a sociedade.
Vale salientar em sentido
conclusivo que a fonte dos recursos que são captados pelo estado provém do
sistema industrial, do desempenho dos serviços e das contribuições da população
economicamente ativa, uma vez que o estado, em si, não é produtivo e nem
gerador de bens e recursos, mas, apenas, consumidor. As tentativas feitas com a
criação de empresas públicas e estatais sempre resulta em prejuízo para o
desenvolvimento e desempenho do sistema privado e individual que é o real
gerador de recursos financeiros que vai dar sustentabilidade ao estado.
A privatização de algumas empresas
estatais tende a tornar a governabilidade mais eficiente e o estado mais
eficaz, mas o modelo de tornar privado o sistema industrial do estado só tem
validade se é realizado com ética, seriedade, transparência e sem proposições
corruptivas. Algumas empresas estatais que foram privatizadas no Brasil saíram
de resultados negativos, com prejuízos que eram cobertos com recursos
financeiros do país, para um nível de resultados positivos sob a direção da
iniciativa privada que resultaram em contribuição de benefícios para o tesouro
nacional e o equilíbrio das contas públicas e os balanços de pagamento do país.
Portanto, esses recursos devem
ser bem administrados para evitar que se esgotem sem possibilitar ao estado
consumidor promover o ressarcimento da parte líquida do que foi aplicado para o
contribuinte, pela utilização eficiente do que for arrecadado ao longo da
gestão governamental e um dos caminhos que podem contribuir para que este
paradigma se concretize é, entre outros, desenvolver um plano de privatização
de empresas públicas e privadas que seja implantado com seriedade, ética e
transparência e sem margem para a perturbação econômica como as técnicas de
corrupção que assomaram em processos já realizados no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário