L.I.D.E.R. Ideias e Princípios

L.I.D.E.R. Ideias e Princípios
Imagem da Capa do Livro

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

NOVAS TECNOLOGIAS, NOVAS EMOÇÕES E NOVA EDUCAÇÃO
(Para o tema Liderança)

O século 21 está a exigir das pessoas e, por extensão das organizações, conteúdos, ações e atividades que programem e projetem novas emoções em todas as áreas de conhecimento, a começar pela Educação, seguida da Economia, Política, Social, Cultural e Negocial. Não se trata aqui de rebuscar, repintar ou redesenhar, apenas, as tradições que emocionaram as pessoas nos últimos milênios, mas introduzir novos apelos emocionadores positivos que sejam criativos e proativos e tragam para as pessoas cargas importantes de energia emocional otimista.

No caso específico da Filosofia e da Administração podemos falar de uma Filosofia Emocional e de uma Administração Emocional. Esta última pode ser estendida para uma Administração Espiritual como parte intrínseca da Administração Integral agindo em seus principais sistemas e como base do Marketing Emocional e Espiritual; contudo, sem considerá-lo uma disciplina à parte ou em forma de um fragmento da Administração em uma área holística de Conhecimento, de forma que supere os atuais apelos e seja capaz de criar novos comportamentos em sentido educacional, social, político, econômico e cultural observando os critérios de transdisciplinaridade.

Uma frase bastante curiosa que foi pronunciada pelo escritor José Saramago em uma entrevista na TV, respondendo a uma pergunta do entrevistador, quando este se referia a sua origem profissional como mecânico de automóvel, foi bem apropriada para mostrar que tudo muda tudo está a mudar, ou já mudou; contudo a maneira como nos referirmos às coisas mostra pouco dessas mudanças ou mostra, sobretudo, como acreditamos que as pessoas são efetivamente resistentes às mudanças comportamentais.

Disse o escritor, quando o repórter lhe perguntou se ele ainda seria capaz de concertar um carro: “Já não sou mais o mesmo, contudo os carros também já não são os mesmos”. É possível que o escritor desejasse dizer que ele mudou, avançou no tempo do conhecimento, porém os carros também mudaram e o conhecimento que ele ainda guarda de mecânica já não poderia atender às necessidades atuais da nova mecânica de automóvel.

Isto me faz pensar que a resistência à mudança ou os caminhos e procedimentos utilizados pela maioria das pessoas no sentido de mudar-se, de transformar-se têm sido provocadores de desastres e grandes prejuízos para os envolvidos e, até, para as suas famílias e para o próprio estado. Leva-se em conta, neste caso, o uso das tecnologias sem que haja uma mudança de comportamento ou uma educação efetiva para que as populações utilizem esses artefatos.

Assim, vejo que a tecnologia nas mãos de pessoas inábeis tende, pois, a gerar prejuízos e perdas irrecuperáveis como a vida humana. Os números (estatísticas) mostram diariamente ou mensalmente, a depender do impacto que os acidentes oferecem para o noticiário: os que vitimam pessoas causam mais perdas humanas que muitas guerras ou conflitos armados. É como dirigir um automóvel como se fosse uma carruagem. Ambos têm um propósito similar: transportar pessoas ou coisas, mas são tecnologicamente distintos; mas a população ainda não se deu conta, pelo menos nessas regiões que estão à margem da Economia do Conhecimento, portanto obsoletas, que tudo mudou e que existem novas regras, novas práticas.

As inabilidades, todavia, retratam bem a Obsolescência Humana segundo os critérios de uso das tecnologias. Os artefatos desenvolvidos pelas empresas, graças ao avanço da Economia do Conhecimento, através de seus sistemas humanos competentes essenciais, não são de fácil uso pelos consumidores e isto fica ainda mais difícil quando os consumidores são analfabetos tecnológicos, funcionais, estruturais, emocionais, culturais.

Nas regiões paradoxais os usuários de equipamentos nunca leem os manuais de operação, sejam eles de artefatos móveis, equipamentos ou automóveis para poder usá-los com segurança. Certamente esta é mais uma questão educacional e comportamental que econômica ou financeira para o consumidor, enquanto que para o produtor não parece haver questão alguma uma vez que ele consegue comercializar seus produtos muito bem.

Um bom exemplo aqui é o sistema de obtenção de carteira de habilitação e, mais ainda, os próprios curso (chamados de Escolas de Habilitação) cujo pessoal, ditos técnicos de ensino (ou coisa que o valha), às vezes não têm nem um curso técnico de nível médio completo. Esse pessoal está ensinando o brasileiro a dirigir carros (e os sistemas oficiais de habilitação como estão estruturados e como funcionam em sentido educacional e científico?); ensinando a lidar com tecnologias que eles mal conhecem tanto em sentido prático quanto em sentido teórico.

Rever ou reconstruir os modelos organizacionais passa por uma transformação da Governança Política a fim de poder acompanhar o desempenho da Governança Corporativa. A tecnologia supera a política e esta fica à mercê das transformações daquela sem querer promover sua autotransformação. A política anda a passos de jabuti enquanto a tecnologia anda a passos de lebre. Vale a pena ler a fábula-metáfora a Lebre e a Tartaruga [http://www.mujeresdeempresa.com/management/management060601.shtml. Consulte-me para receber uma tradução.]

Por falta de competentes essenciais políticos os donos do poder utilizam-se de artimanhas ocultas que institui, no país, os esquemas de corrupção que se alastram por todas as áreas acima citadas. A corrupção não é um caso de polícia, mas de educação. O mesmo se pode dizer da violência. Investir em caríssimos equipamentos de alta tecnologia para detectar e corrigir corrupção e violência é demonstração de falta de Habilidades Essenciais e uma grande miopia de Filosofia Administrativa (e de Administração Emocional) e de Filosofia Emocional. Ações como estas mostram que as instituições políticas estão obsoletas e os modelos atuais não mais têm competências para administrar os recursos e promover o desenvolvimento do país. Se os gestores públicos aplicassem os recursos para a educação integral de jovens e adultos em lugar de aparelhar os órgãos do aparelho político repressor certamente o ganho para a população e para o país seriam muito maior.

Pela minha visão, esta é uma questão devida à Obsolescência da Governança Política dos estados que se submete à Governança Corporativa de um grupo pequeno de empresas que avançaram no tempo tecnológico. Essas empresas para vender seus artefatos, procuram “criar uma necessidade” de uso através de um processo mercadológico intensivo em sublimação; um processo condicionador das pessoas, qualquer que seja a sua formação intelectual ou sua capacidade e domínio de conhecimento, a se envolverem emocionalmente e adquirir esses artefatos. Nessas ocorrências acidentais o que me chama a atenção é o número significativo de pessoas jovens que são envolvidas em tragédias fatais.

Como Saramago, eu também comecei com uma profissão: marceneiro. Hoje creio que não serei mais capaz de construir um móvel considerando o aparato tecnológico que existe à disposição dos profissionais: desde serras e tupias movidas por computador até tornos programados e robôs que realizam pinturas, colagens e acabamentos nas peças, sem considerar que até nas matérias-primas ocorreram transformações. Precisaria de novas emoções para realizar novas tarefas mesmo que o objeto continue sendo o mesmo de antes: a cadeira para sentar, a mesa para fazer refeições ou escrever, a cama para o descanso ou repouso e assim por diante.

O desenvolvimento traz consigo mudanças ou é fruto de mudanças e o desenvolvimento econômico mostra isto quando usamos hoje, em geral, os mesmos artefatos de ontem, mas que já são produzidos com instrumentos de produção, conhecimentos científicos e tecnológicos de amanhã. Instrumentos sofisticados que, muitas vezes, nem sequer percebemos como os artefatos e os objetos mudaram, ou como mais mudanças ocorrem em nossa volta.

Como o tempo tecnológico é mais rápido que o tempo de aprendizagem (poderia até ser dito, do que o Tempo Pedagógico e o Tempo Andragógico), torna-se, portanto, necessário uma nova matriz educacional para o país capaz de superar e eliminar a atual que foi imposta às pessoas antes da arrancada tecnológica da Terceira Modernidade ou Era Infoeconômica.

No Brasil, prima-se mais por “reformar” em lugar de “transformar” o mundo (a sociedade, a política, a economia, a educação, as pessoas). A primeira ação, normalmente, vem sempre acompanhada de uma maquilagem do produto ou da idéia, da norma e da lei, das diretrizes e da política com o que ficam mantidas as velhas emoções. É a fórmula de conservar a tradição sem modificar seu conteúdo; enquanto a segunda ação realiza uma destruição criativa destes instrumentos de regulação social e econômica e coloca em ação novas idéias para lidar com novos produtos ou novas emoções. Sem novas emoções será difícil desenvolver a curiosidade, a improvisação criativa e a criatividade entre os jovens.

Observem que, quando não se deseja mudar nada, duas expressões são bastante utilizadas nas organizações públicas e privadas do país, pelos políticos e empresários conservadores ou medrosos: comissão e reforma. Portanto, sempre que se está em um novo paradigma tecnológico são requeridas novas ações, novas emoções e, em especial, nova educação e realizar reformas apenas nunca irão resolver as questões cruciais que demandam novas energias.

Infelizmente, o velho permanece forte mesmo que novas caras e novas imagens sejam mostradas ao público. As falhas, os erros e os prejuízos são problemas das novas tecnologias que foram mal elaboras para o uso popular, eis a grande desculpa. O novo, neste caso, só é válido se for adaptado ao velho, ou se reduz a não criar nada que vá mexer com as velhas emoções, no velho paradigma, nas experiências e práticas passadas.


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