L.I.D.E.R. Ideias e Princípios

L.I.D.E.R. Ideias e Princípios
Imagem da Capa do Livro

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Pacifismo e violência


Publico o segundo capítulo selecionado do E-Book de  Ángel J. Cappelletti.La Ideologia Anarquista, Cap. 11.

O anarquismo repudia as guerras entre Estados, antes de tudo porque repudia o Estado. Toda guerra deste tipo, em efeito, tem por fim afirmar e expandir  poder de um Estado em detrimento de outro.
A partir de Bakunin a guerra se interpreta como uma luta para impor os interesses de um setor da classe burguesa sobre outro. Posto que o que importa é a defesa dos capitais e das empresas vernáculas, pelo que lutam os capitalistas e os empresários, argumenta a propaganda anarquista antibélica dirigida, sobretudo, aos trabalhadores e camponeses. Neste ponto tal propaganda coincidiu durante muito tempo com a dos socialistas marxistas.
Porém o anarquismo não se detém em condenar o fato da guerra. Condena também a instituição mesma do exército. Não é só antibelicista senão também antimilitarista. E isso não somente porque vê nas Forças Armadas um dos mais sólidos suportes do Estado e da classe dominante, senão também porque considera a qualquer Exército uma instituição baseada na obediência absoluta e estruturada vertical e hierarquicamente. Até poderia dizer-se que vê no Exército o arquétipo ou a ideia pura do Estado, com seus dois elementos essenciais  (coação‑hierarquia).[1]
Esta oposição à guerra baseada no internacionalismo e no antiestatismo, parece comportar uma oposição à violência.
No entanto, a maioria dos anarquistas considera que a ação direta, sob a forma de ação violenta e terrorista contra o Estado e contra a burguesia, é não só um meio lícito senão também o único meio possível em muitas circunstâncias para alcançar os fins propostos, a saber, a sociedade sem classes e sem Estado. Mais ainda, durante muito tempo (e ainda hoje), prevalece na fantasia popular, no jornalismo e na literatura, a imagem do anarquista como bombardeiro e «atirador de bombas».[2]
É preciso esclarecer, portanto, o ponto.
Em primeiro lugar, deve fazer-se notar que há e houve muitos anarquistas adversos ao usa da violência. Nem Godwin nem Proudhon nunca a propiciaram: o primeiro como filho do Iluminismo, confiava na educação e na persuasão racional; o segundo considerava que uma nova organização da produção e da mudança bastaria para acabar com as classes sociais e com o governo propriamente dito. Mais ainda, alguns anarquistas, como Tolstoi, eram tão radicalmente pacifistas que faziam consistir seu Cristianismo coincidente com sua visão anárquica, na não resistência ao mal. Para eles, toda violência engendra violência e poder, e não se pode combater o mal com o mal[3].
Porém ainda entre aqueles que admitem a violência sob a forma do atentado e do terrorismo, não há nenhum que a considere como algo absolutamente indispensável ou como a forma única de luta social. Todos, sem exceção, veem nela um mal imposto aos oprimidos e explorados pelos opressores e exploradores. O próprio Bakunin não tem outro ponto de vista, e nisto se diferencia profundamente do puro adorador da violência, isto é, do niilista ao estilo de Nechaev[4]. Kropotkin, Malatesta e  quantos vieram depois deles a consideram como um recurso extremo, como uma lamentável necessidade.
Em segundo lugar, é preciso advertir que esta relativa aprovação da violência não supõe nenhuma contradição com a negação da guerra entre Estados e com a condenação do militarismo. Para quem parte do princípio de que o verdadeiro sujeito da história e da moralidade é a pessoa humana e a sociedade livremente constituída não pode haver nada mais imoral que  a privação da liberdade e da igualdade para as pessoas nem nada mais criminoso que sua subordinação a instituições consideradas artificiais e, mais ainda, essencialmente inimigas da liberdade e da igualdade, como são os governos, as dinastias, os Estados. O homem pode e deve sacrificar-se pelos altos valores que o fazem homem, morrer e ainda matar pela liberdade e pela justiça; não tem por que morrer nem matar em defesa de quem é um natural negador de tais valores, isto é, do Estado (e das classes dominantes). A revolução e até o terrorismo podem parecer assim direitos e obrigações; a guerra, pelo contrário, não será senão uma criminosa aberração.[5]
A questão que, em última análise, ainda fica proposta é, no entanto, a seguinte: Quando se exerce a violência, qualquer que seja esta e qualquer que sejam seus motivos e seus fins não se está exercendo já o poder? Os anarquistas contestarão que eles lutam contra o poder estabelecido e permanente que é o Estado, não contra qualquer forma de poder e que o poder que a violência comporta é lícito quando é pontual e funcional, ilícito quando se consolida e se converte em estado-Estado. Porém caberia perguntar, todavia: A violência pontual e funcional não tende sempre a converter-se em permanente e estatal?

Extraído do E-Book: Ángel J. Cappelletti.La Ideologia Anarquista, Cap. 11. Traduzido por Adm. Jovino Moreira da Silva, M. Sc. em 28/12/2013.

Meu comentário para este capitulo :
O autor apresenta de maneira direta e explicita o seu pensamento sobre a ideia de pacifismo e violência segundo a ideologia anarquista. Este posicionamento como apresentado é clássico e já não corresponde a uma plena posição ideológica anarquista, segundo a minha visão, embora seja interessante porque traz a lume de forma clara a desmistificação do conceito de anarquia que tem sido deturpado tanto pelo liberalismo individualista e acumulador de riqueza quanto pelo social-comunismo centralizador de poder e de riqueza, para os quais o movimento anarquista só tem posição destrutiva e improdutiva. Quem promove a violência destrutiva são aqueles que procuram deturpar e combater o anarquismo e procura induzir na massa des-educada a ideia de caos, de desordem, de terror. Nada disso é verdadeiro e nas entrelinhas do texto o autor mostra exatamente o contrário : que a ideologia anarquista promove a criação e o desenvolvimento com liberdade e não por coação nem por repressão.
Pão, Paz e Liberdade, é o chamamento para uma vida plena e criativa e não destrutiva. Enquanto o Estado em suas duas principais versões de poder primam pela destruição da Natureza e pelo atiçamento de um consumismo negativo desenfreado, vejo que o oposto é pregado pela ideologia anarquista. Como sigo as ideias de Proudhon, para mim ser pacífico é ser educado, evoluído e colaborador para o desenvolvimento humano e social.



[1].    Cf. 1. L. HOROWITZ, Fundamentos de sociología política, México, 1977, pp. 204‑207; Varios, Tolstoismo y anarquismo, «La Revista Blanca», Madrid, 1900.
[2].     Cf. A. GORELIK, El anarquismo y la violencia, «La Revista Blanca», Madrid, 1935; F. HARRIS, The Bomb, London, 1908.
[3].     Cf.  F‑ J. SIMMONS, Tolstoy, Boston, 1946; J. V. BONDURANT, Conquest of Violence: The Gandhian Philosophy of Conflict, Princeton, 1958; BART DE LIGT, The Conquest of Violence, London, 1937.
[4].     Cf. H. DEWAR, Assasins at large, London, 1951; R. HUNTER, Violenceand the Labor Movement, New York, 1914; J. CONRAD, The Secret Agent, London, 1907; D. AURICH, Bakunin y Nechaev, «Ruta», Caracas, núm. 25.
[5].   Cf. A. CARTER, op. cit. pp. 95‑98

sábado, 28 de dezembro de 2013

Autogestão


Se algum conceito prático e operativo pudesse sintetizar a essência da filosofia social do anarquismo, este seria o da autogestão. Assim como o próprio Proudhon, que utilizou pela primeira vez a palavra anarquismo, dando-lhe um sentido não pejorativo e usando-a para designar seu próprio sistema socioeconômico e político, logo preferiu substituí-la por outra (mutualismo, democracia industrial, etc.) que tivera um significado positivo (e não meramente negativo como “an-arquismo”), hoje poderíamos considerar que o termo “auto-gestão” é um sinônimo positivo do “anarquismo”.

Entretanto, tal equivalência semântica não se pode estabelecer antes de haver deixado estabelecida uma série de premissas e de haver feito uma série de precisões. A palavra “autogestão” e o conceito que representa são de origem claramente anarquista. Mais ainda, durante quase um século esse conceito (que não é a palavra) foi o santo e a senha dos anarquistas dentro do vasto âmbito do movimento socialista e operário[1].

Nenhuma ideia separou mais enfaticamente a concepção anarquista e a concepção marxista do socialismo no seio da Primeira Internacional do que a da autogestão operária.

Porém nas últimas décadas a ideia e, sobretudo, a palavra, foram se difundindo fora do campo anarquista e expandindo em terrenos ideológicos muito alheios ao socialismo libertário e, por isso mesmo, perderam peso e densidade, se diluíram e trivializaram. Hoje falam de “autogestão” socialdemocratas e eurocomunistas, democratas cristãos e monárquicos.

Às vezes se confunde a “autogestão” com a chamada “co-gestão”, em que os anarquistas podem não menos do que ver um truque cruel do neocapitalismo. Às vezes, se a vincula com a economia estatal e de a fixa no marco jurídico-administrativo de um Estado, com democracia “popular” (Yugoslávia) ou “representativa” (Israel, Suécia), etc.. Uma sombra de “autogestão” pode encontrar-se inclusive nas “comunas camponesas” do mastodôntico império marxista-confuciano da China. E não faltam tampouco rastros da mesma em regimes militares (como o que se implantou no Peru em 1967) ou em ditaduras islâmico-populistas (como a da Líbia).

Porém a autogestão da qual falam os anarquistas é a autogestão integral, que supõe não só a tomada de posse da terra e dos instrumentos de trabalho por parte da comunidade laboral e a direção econômica e administrativa da empresa em mãos da assembleia dos trabalhadores, senão também a coordenação e, mais, todavia, a federação das empresas (industriais, agrárias, de serviço, etc.) entre si, primeiro em nível local, depois em nível regional e nacional e, finalmente, como meta última em nível mundial.

Se a autogestão se propõe em forma parcial, se nela intervém (ainda que seja desde longe e como mero supervisos) o Estado, se não tende desde o primeiro momento a romper os moldes da produção capitalista, deixa em seguida de ser autogestão e se converte, no melhor dos casos, em cooperativismo pequeno-burguês.

Por outra parte, não se pode esquecer que uma economia autogerida é socialista – mais ainda, parece aos anarquistas a única forma possível de socialismo – não só porque nelas a propriedade dos meios de produção deixou de estar em mãos privadas, senão também, e consequentemente, porque o fim da produção deixou de ser o lucro[2].

De fato, o maior perigo de toda tentativa autogerida da qual alguma vez se deu em um contexto revolucionário (como na Espanha de 1936-1939), é marcada sobre a forte inclinação, que séculos de produção capitalista deixaram na mente dos trabalhadores, para a ganância e a acumulação capitalista.

Uma vez salvo todas as armadilhas anteriores (entre as quais emergem uma tão dura e áspera como o Estado), a autogestão deverá salvar ainda a mais perigosa e mortal de todas: a tendência pra reconstruir uma nova forma de capitalismo. 

Extraído do E-Book: Ángel J. Cappelletti.La Ideologia Anarquista, Cap. 8. Traduzido por Adm. Jovino Moreira da Silva, M. Sc.

Comentário do tradutor
Este texto de Cappelletti, cujo capitulo 8 selecionei para publicar aqui no Blog, apresenta de modo objetivo e direto um retrato muito bom do que seja o Anarquismo como base ideológica para superar tanto o Capitalismo em suas várias facetas, quanto o Socialismo centralizador que vem travestido pelos diversos tipos de ditaduras populistas ou não trazendo ainda de face um enganador refrão democrático. Selecionei outros dois capítulos que logo serão publicados neste Blog.




[1].   Cf. R. GUÉRIN, op. cit. p. 36 ss. Sobre diversas interpretaciones de la autogestión véase R. MASSARI,  Las teorías de la autogestión, Madrid, 1975.
[2].   El más importante intento de autogestión integral es tal vez el que se llevó a cabo en la España de 1936-1939 (Cf. Frank MINTZ, La autogestión e n la España revolucionaria, Madrid, 1977).

sábado, 8 de junho de 2013

SOBRE CRISES E TURBULÊNCIAS
Quando termina o trabalho de um bom líder, as pessoas dizem "Nós mesmos fizemos".
Lao-Tzu
Relendo as mensagens e artigos que publiquei no Blog http://jovinodash.blogspot.com, encontrei um tema que deve ser relido de vez em quando a fim de alertar nossa memória de curto prazo. O tema é sobre crises e turbulências no mercado, na administração, na política e na própria cultura dos países e comunidades socialmente organizadas. Coletei apenas a segunda parte deste tema para reprisar aqui. Se o leitor desejar ler as demais partes pode visitar o Blog clicando no link acima.

Vale salientar que estamos atravessando uma das piores crises de competência em sentido político e administrativo, senão também econômico e ecológico enquanto a mídia controlada pelo estado continua apenas noticiando o que interessa às velhas raposas políticas que domina o poder do país, independente da ideologia partidária que assuma o controle executivo de nossa administração pública. Por isso precisamos estar sempre realimentando a curta e volátil memória dos colegas e dos leitores reeditando textos e divulgando ideias que podem nos ajudar a Pensar. Estamos em plena campanha política, gastando os recursos escassos do estado e jogando para debaixo do tapete da incompetência os problemas críticos relativos a saúde, educação, logística, ônus tributário excessivo, violência de adolescentes, e outros casos que passam a ser descasos quando se trata de alcançar uma reeleição.

Aproveito para reeditar esta parte do artigo convidar os leitores para, seriamente, apreciarem a possibilidade de não reeleger ocupantes de caros legislativos e executivos que estão fazendo vista grossa para a depredação da economia, do projeto de reorganização econômica e social que se tentou fazer e que está sendo redirecionado para a permanência no poder de políticos que não estão preocupados com o futuro do país.

A figura acima é um selo para alertar e lembrar que devemos nos opor à reeleição daninha que vem atrofiando o desenvolvimento socioeconômico do país. Vale a pena pensar nisto sem qualquer emoção negativa e sem qualquer paixão ideológica desenfreada. Não estamos sendo anti-ideológico. Apenas estamos tentando resgatar uma Utopia Positiva e Criativa para que nossos descendentes não digam que nossa geração foi incompetente, improdutiva, não-criativa, e desligada dos problemas que se acirram hoje e que terão maiores reflexos (e negativos) amanhã. É sugestivo reler (ou ler para aqueles que estão visitando agora o site) a Parte III deste artigo.

Este assunto sobre a crise socioeconômica que está a suceder no mundo é muito interessante e tem servido para a criação de inúmeros artigos. Todos os sites relacionados com Empreendedorismo, Economia, Finanças, Gestão, Administração que tenho visitado apresentam artigos de autores conhecidos, desconhecidos, de CEOs a professores e acadêmicos. Nos Blogs, o assunto que rola é crise, quebradeira e outros fatos relacionados com o (pseudo) fim do capitalismo. Não era minha intenção ampliar este debate com ideias que tenho defendido sobre a incompetência gerencial pragmática (que está mais recheada de gestão que de administração) de economizar e manter a margem de lucro utilizando a já batida solução de demitir pessoal. Interessante que o empresário capitalista pragmático lucra com os esforços e energias do trabalhador ou com a sua demissão nos momentos de crise.

Pela minha ótica administrativa dever-se-ia demitir, primeiro alguns chefes e extinguir o departamento de Recursos Humanos e criar o de Desenvolvimento de Sistemas Humanos, bem como mudar totalmente o departamento de Marketing para Departamento de Engajamento de Clientes com um dos principais propósitos de convidar os clientes para administrar suas próprias compras. Aliás, as grandes indústrias são as empresas que mais demitem pessoal em momentos de crise o que prova que tamanho não é documento para definir competências administrativas. E são as que mais ganham com as crises. Os valores ou índices que divulgam para expressar queda de lucros e outras ocorrências empresariais, nem sempre representam a realidade contábil-financeira da empresa.

Estou concluindo a leitura do livro Você Está Louco!, de Ricardo Semler, que comentarei no Blog Diálogos para o Futuro, e seria sugestivo que empresários, políticos, professores e estudantes de Administração, Economia e Contabilidades lessem este livro. Creio que os empresários, em especial de médias e grandes corporações, teriam uma boa oportunidade de fazer benchmark com algumas das ideias e práticas administrativas de Semler.

Volto a minha discussão sobre os abalos sísmicos que vêm acontecendo nas organizações para reforçar minhas ideias de uma Administração Estratégica Tectônica (ADETect) não apenas porque o momento é propício diante das evidências de fechamento de mais um grande Ciclo K (de Kondratiev) da economia glocal, mas porque penso que as técnicas desta metodologia são para qualquer ocasião mesmo que se esteja em estado de calmaria ou de bonança.

As ideias que estou desenvolvendo sobre a ADETect tomam como referência as geociências, o que não é nada especial uma vez que, atualmente se fala muito em DNA de negócios tendo como inspiração as biociências. Aliás, vira e mexe e a Biologia é parceira da Administração em muitos temas e até princípios gerais de administração, como foi o caso da TGS (Teoria Geral dos Sistemas).

Já usava a ADETect em minhas atividades profissionais, porém sem estabelecer uma codificação ou uma terminologia, ou mesmo escolher uma metáfora, que explicasse cada ação para tomar decisões, em especial no ambiente de negociações de compra ou em ambiente de conflito funcional. Como consegui crescer em termos de conhecimento e aprendi muito nessas várias décadas de trabalho, acabei descobrindo que ocorrências como as crises e as turbulências socioeconômicas se assemelhavam às turbulências que ocorrem no Planeta e nas Galáxias (embora em sentido micro ou nanocósmico). Nas geociências são denominadas entre outras de terremotos, furacões, tsunamis, etc. Todos esses fenômenos terrestres ou galácticos têm um foco que, no caso da tectônica de placas, foi chamado de epicentro.

Pois bem, o que proponho em meu trabalho é justamente a localização dos epicentros relacionados com os fenômenos ou evidências administrativas (ou organizacionais) como ponto de partida para a solução de problemas. Por exemplo, dentro das grandes empresas podem existir vários epicentros para vários tipos de fenômenos ou várias evidências administrativas. Igualmente, as empresas podem ter seus transtornos, turbulências, tsunamis devido a epicentros que estejam fora, no ambiente estratégico externo.

Nas pequenas empresas os epicentros internos são poucos e facilmente detectáveis, para a felicidade dos microempresários, o que se pode perceber pelo número de demissões que é bem menor nas pequenas empresas em comparação com as grandes empresas. Para começar a manter uma linguagem mais sociável vou chamar de organocentro o ponto ou lócus de evidência dos organomotos e econocentro e sociomotos, sociocentro, os fenômenos e evidências de turbulências que acontecem no ambiente externo.

Você pode aludir que se demite mais nas grandes empresas devido ao tamanho e ao grande número de colaboradores. Pode até ter sentido sua alusão, mas penso um pouco diferente quando avalio a partir dos princípios da ADETect. Considero a questão tipicamente de baixo grau de competência administrativa em lidar com o elefante. No caso da pequena empresa você está lidando com uma cotia ou um tapir. Através da Administração Tectônica o que proponho é estudar vários organocentros dentro da empresa e não se prender a apenas um ou dois, como no caso a folha de pagamento ou os números da contabilidade estática.

Na crise, além de ser criativo e inovador, o empreendedor deve ser racional também, e neste caso destrua o organograma, esqueça os níveis hierárquicos, acabe com as chefias e gerências e passe tudo isto para o pessoal de chão de fábrica. Administre sem Gerentes. Crie várias micro ou pequenas empresas dentro de sua empresa (pequena ou grande): uma para cada organocentro onde se evidencie a possibilidade de um movimento organossísmico. Este é o momento de você mostrar que é Administrador e não meramente um gestor de atividades e especializações baseadas no passado. Além de Ser Empresário seja Empreendedor. E use a epígrafe como sua missão ou parte dela.

Pão, Paz e Liberdade
Antes de imprimir pense no Meio Ambiente e nos Custos
Educação: a resposta certa ao trabalho infantil (OIT)
Por uma sociedade cooperativa e mais educada
Vamos colaborar com os ODM e com as Metas Educativas 2021.


domingo, 2 de junho de 2013

“FUI SAQUEADO PELO ESTADO”

“Além da cobrança de tributos, a sensação que se tem ao observar o sistema legal brasileiro é de que todas as regras estão voltadas para atrapalhar aqueles que geram riqueza e para favorecer aqueles que vivem de saquear a riqueza alheia”.
ALEXANDRE OSTROWIECKI & RENATO FEDER
(In, Carregando o Elefante)

Essa história me foi relatada por um senhor aposentado e considerei um exemplo de como não se deve administrar a coisa pública, como estamos vendo há várias décadas no Brasil e mostra, muito bem, a diferença entre o Estado Administrativo e o Estado Político. Aqui a Política não está sendo considerada como um impulsionador ou um motor para a Administração, mas no sentido vulgar, ideológico-populista e veículo de dominação e concentração de poder; ou seja, tal como é mostrada na prática dos estados brasileiros e do poder central.

Parece ficção do tipo faroeste ou assalto ao trem que está conduzindo o pagamento de trabalhadores na construção de estradas de ferro. Mas não é. O que foi relatado pelo Senhor vai aqui colocado em uma linguagem um tanto acadêmica ou até rebuscada para fins de publicação e estou postando com o seu consentimento. Começa assim:

Fui, realmente, assaltado pelo Estado federal através do seu xerife financeiro a Receita Federal. Fui assaltado em recursos conseguidos depois de anos de labuta jurídica sobre direitos adquiridos através de árduo trabalho realizado para o próprio estado, neste caso em uma universidade estadual. Simplesmente a Receita bloqueou as minhas contas que continham recursos não tributáveis, para cobrir algumas parcelas de um imposto de renda que negociei para pagar parcelado entre 2007 e 2008, justamente porque não possuía, na época, os recursos suficientes para pagamento total quando do imposto devido após a declaração de IR; e isto depois de o Estado federal já ter raspado, mensalmente, de meus proventos o IR na fonte, sem contar os diversos impostos que pago diariamente, semanalmente e mensalmente para o bel prazer desse estado consumidor, arrecadador, mas não produtor, não gerador de riqueza. Um estado que diz trabalhar pela redução da pobreza, mas o que realmente realiza é a geração de mais pobreza em toda a população”.

E ele continuou expondo seus pensamentos:
Pois é. Fui roubado pelo Estado federal de maneira acintosa, descarada, um roubo oficial com a cobertura legal de uma legislação que atrofia todos os passos dos cidadãos e impede o seu crescimento e desenvolvimento. Fui roubado pelo saque direto, desonesto, maldoso, numa desapropriação de meus parcos recursos que lutei durante mais de 15 anos nos diversos foros do estado e do país para poder receber o que, justo e merecido, fazia jus. Quanto tentei recorrer no sentido de reaver os valores que me foram saqueados de minhas contas fui mais uma vez punido com a resposta fria de um conjunto de leis injustas que, diria o procurador porta-voz do saqueador, tinha mesmo que ser castigado pela minha inadimplência com o órgão arrecadador oficial do Estado”.

Ele continuou relatando a sua indignação com respeito ao ato do Estado, que não respeitou a sua condição de cidadão dada pela Constituição, sobretudo quanto à privacidade de seus direitos. Ele então falou:
E o assalto continua sendo friamente feito pelo Estado saqueador de recursos que não têm contribuído, até o momento, nem para mim nem para os demais cidadãos do país, visto que os benefícios que o Estado deveria transferir para o povo, na forma de serviços, de educação de qualidade, de segurança, de saúde, de geração de renda e emprego, não são realizados a contento como deveria ser para um país efetivamente democrático e honestamente bem administrado”.

Falei para aquele Senhor que o seu relato me lembrava das palavras do Doutor Ruy Barbosa quando se referia a ser honesto neste país. E ele prosseguiu:
Segundo a comunicação emitida para justificar o ato jurídico de bloqueio das contas e arresto do total existente nos saldos, a minha dívida com o Estado saqueador era superior a R$80.000,00 relativos a uma dívida de menos de R$5.000,00 de imposto não pago nos idos de 2008, enquanto os saldos que existiam na época do arresto nas contas saqueadas somavam menos de R$20.000,00”.

Não vem ao caso, agora”, prosseguiu o queixoso Senhor, “explicar-lhe as razões que geraram as minhas dificuldades para pagar o imposto excedente e devido após a declaração, dificuldades estas atreladas, em parte, à própria realidade da ordem estatal imperiosa que forma a chamada “democracia brasileira”. O que me intrigou neste processo foi o fato de uma dívida que poderia ser negociada dentro de um processo ganha-ganha [não foi bem nesta linguagem que ele se expressou. O ganha-ganha é por minha conta] chegasse a um valor tão alto, mostrando que, além de saqueador o Estado é também um gerador de elevadas taxas e multas quando se trata de contabilizar dívidas atrasadas, cobrando juros sobre juros, sobre juros, etc., quando o cidadão atrasa um pagamento ou um recolhimento de imposto. Outro ponto que me intrigou foi quanto este sequestro ou arresto de meus saldos bancários contribuiu para o aumento do superávit primário da nação [aqui, também, a colocação “superávit primário” é minha interpretação da fala do cidadão e fica por minha conta]. Não sei e nem consigo calcular o percentual que meus vencimentos arrestados, sem o meu aval, contribuiu para a redução da dívida pública ou para cobrir os danos da corrupção acelerada que se espalha pelo país”.

O que agora lhe relato, meu jovem, é apenas para mostrar que o desgoverno e a subadministração são os maiores geradores de prejuízos e violência para o país e não estão contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico da nação. É o desgoverno um dos principais vetores da violência no país e cada dia aumenta mais a violência promovida pelo aparelho repressor do Estado. Não é necessário nem citar o enriquecimento ilícito dos governantes e senhores que são eleitos e reeleitos para os três poderes [Talvez ele quisesse se referir aos poderes executivo, legislativo câmara e legislativo senado, foi o que pressenti de sua fala]. Não preciso fazer referência aos casos de corrupção que devassam os órgãos públicos federais, estaduais e municipais e que muito raramente vêm à tona como foi o caso do famigerado mensalão, para justificar o que aconteceu comigo. O Estado é um péssimo negociador, comprador e administrador de recursos; mas é também um excelente gastador”.

Nossa conversa parecia estar chegando ao fim quando ele ainda acrescentou:
A frieza com que o Estado rouba dos cidadãos e das organizações privadas que geram renda e emprego é maior que a frieza de um assaltante criminoso que atira em crianças e trabalhadores para roubar o carro, a bolsa, o bolso, e os pertences daqueles que trabalharam arduamente durante o dia e, ao retornar para casa são violentados cruelmente pelos assaltantes. O Estado saqueador faz o mesmo ou de forma mais dolorosa e de modo oficial, coberto pelas leis que o protegem e ditam como deve ser realizado o assalto. É uma pena que sejamos tão mal administrados e gerenciados quando somos um país tão rico. Para finalizar cito apenas um fato crítico que é de arrepiar. Trata-se do roubo e da extração clandestina do Nióbio de nosso solo, em que estão envolvidos o Estado, os políticos, as mineradoras e outros países que recebem nosso minério e não nos pagam um centavo, como tenho lido nos jornais. Talvez se o Estado não facilitasse o roubo de, apenas, um quilo de Nióbio possivelmente ele não estaria preocupado em arrestar os meus saldos bancários e de outros trabalhadores, porque ele ganharia muito mais para gastar na farra mensal que faz no planalto central e nos Estados brasileiros”.

O Senhor queria me relatar mais fatos, porém disse-lhe que estava satisfeito com a lição que ele estava dando a um Administrador. Após rascunhar as mágoas do cidadão, fui rebuscar nas minhas leituras outros relatos críticos relacionados com a construção do Estado Brasileiro. Também fui rever as anotações e textos recolhidos sobre o caso do Nióbio para futuras apreciações.

Considerei interessante a leitura que fiz do  livro Carregando o Elefante, do qual extrai a epígrafe. Sou grato aos autores e louvo a coragem que tiveram de publicar um texto tão esclarecedor, simples e direto que nos motiva a lutar, cada vez com mais bravura, para extirpar dos poderes do país os péssimos políticos e administradores. O conteúdo deste livro me motivou a publicar este relato, o que estava guardando para outros fins. Sou também grato àquele Senhor que me deu material para completar as ideias deste artigo que agora publico.

Quem sabe talvez um dia ou em uma década possamos dizer que vivemos em um país realmente democrático e livre, que respeita e protege seus cidadãos, que procura negociar com o cidadão sem subterfúgios coberto por uma legislação anacrônica e medíocre. Eu acredito nisto e sou menos pessimista quanto ao futuro do Brasil, sobretudo quando eliminarmos os petralhas e os tucantralhas da política nacional para despontarmos como uma das nações mais livres e educadas do planeta. Como referência para esta parte do artigo indico ao leitor o livro citado e convido-o a visitar a página da editora Hemus para mais informações: www.hemus.com.br. Sugiro, também, aos leitores, uma visita ao site abaixo para baixar o relatório do The Economist sobre a democracia no mundo em 2012 e conferir a posição da dita "democracia" brasileira no ranking mundial:


Diante de tais fatos cada vez mais se asseguro de que temos que sustentar as ideias do NÃO À REELEIÇÃO, para podermos experimentar as possibilidades de alguma mudança neste país. O Brasil não precisa de partidos políticos, mas de líderes políticos que tenham a coragem de propor mudanças e não meras reformas apegadas ao velho, arcaico, medíocre e superado modelo feudo-comercial que está no poder por mais de duzentos anos e que está levando o país ao empobrecimento total, apesar de toda a sua riqueza natural.


Ambas as situações: aquela relatada no livro supracitado e daquele Senhor, são típicas de um país que não quer se desenvolver e que prefere a dominação dinástica que sustenta uma heteronomia voltada ao compadrismo e ao nepotismo exagerado e ineficiente e incompetente. Com isto ao invés de avançarmos em sentido proativo estamos recuando em sentido reativo para sustentar um passado que não fez e nem compõe a História digna de uma nação.

domingo, 26 de maio de 2013

MAIO DE 68! A Utopia Acabou?

Lá se vão 45 anos! E aqui estamos os remanescentes dos episódios que marcaram uma das mais interessantes manifestações (como uma mensagem para uma revolução que não aconteceu... ainda) libertária. Por que os “intelectuais” ocidentais desenvolvidos e subdesenvolvidos, temem o Libertarismo que também pode ser chamado de Anarquismo Evolucionista?

Talvez os acontecimentos de Maio de 68 na França e seus filhotes magricelas que aconteceram em vários países do Ocidente, tenham causado medo aos senhores da Intelligentsia que ou estavam no poder dominador e dominante ou estavam pendurados direta ou indiretamente às beiradas daqueles poderosos.

Diga-se, de passagem, que havia medrosos tanto na direita liberalista e nacionalista como na esquerda socialista, stalinista, maoistas e trotskista. As resistências a mudanças que envolvem o fim de governanças corruptas, de governos centralizadores, de senhores de propriedades roubadas da natureza e do povo (afinal, a Propriedade é um Roubo!, como bem asseverou o grande pensador anarquista Proudhon) foram até bem sucedidas em várias regiões do Planeta, algumas resultando até em regimes políticos muito mais fechados, como foi o caso do Brasil.

Isto é certo. O velho resistirá até onde lhe for possível para que o novo não se projete. Verifica-se este tipo de resistência em todos os ambientes: desde os familiares – quando os pais, ao avós e os tios mais velhos criam barreiras para a novidade e a avanço dos filhotes em sua luta pela libertação – até os sociais e políticos, os econômicos e empresariais – estes por sinal representam a grande força de resistência em defesa da propriedade individual negativa e contra a propriedade pluralista como pensou Proudhon, quando ele fala sobre a posse positiva como uma forma de se organizar a economia e a vida em sociedade.

E qual era mesmo o sentido (senão o propósito primário) dos jovens de 68? Qual era mesmo o sentido do “É Proibido Proibir”? Era a construção de uma nova Utopia ou era um manifesto contra a utopia do poder centralizado, do poder dos grandes proprietários? Se a utopia prevalente era (como ainda é, apesar dos vários processos de aprendizagem porque passamos até hoje) a da preservação a qualquer custo da propriedade, qualquer forma de contra-utopia seria (e será) reprimida pela força, como ocorreu ao longo de 68.

O ponto nevrálgico do sistema repressivo é a proteção da propriedade porque é nela que nasce a riqueza, a usura, a ganância e o lucro da feudalidade industrial, como diria Proudhon tomando de empréstimo a expressão criada por Fourier.

Estamos a 45 anos falando em “liberdade, liberdade”, para não recuar ainda mais no tempo social e tudo o que temos feito é proteger o egoísmo negativo e perdulário gerador de usura e violência e que resiste a uma educação libertária para os jovens, pelo menos aqui neste país.

A Utopia acabou? Ou estamos ainda com o grito da transformação engasgado na garganta dos jovens de ontem, uma vez que aos jovens de hoje não foi permitido se aproximarem dos conceitos revolucionários que dinamizaram os jovens de ontem?

O sistema de educação a serviço do poder dominador e dominante travou em todo o mundo o Aprender a Pensar porque uma população que pensa representa um potencial acervo revolucionário, o que não interessa aos donos do poder de ontem e de hoje e esse sistema educacional autoritário reprime severamente qualquer pensador que se atreva a introduzir no ambiente escolar e acadêmico conceitos que firam os interesses feudo-comercial-industrial.

Mas, o mundo contemporâneo caminha de modo acelerado para uma violenta (e perigosa) entropia e já se está discutindo o fim do homo sapiens ou temas como avanço da Era Antropocena ou, ainda, para alguns otimista emergentes, o fim da miséria e começo da abundância. Estes foram os temas que circularam nos últimos meses pela netmídia, para não falar dos novos aficionados debatedores do tema mais à esquerda chamado de decrescimento.

Parece-me que o que sobrou dos intelectuais de 68 – visto que foram muitos os que se engajaram ou estavam começando uma carreira intelectual nos confrontos de Paris/maio de 68 – e que agora vem à tona através desses e de outros temas interessantes e que poderiam até somar-se em torno de um grande projeto planetário, uma vez que a netmídia tem sido utilizada para algumas “primaveras árabes” que, no máximo, conseguem substituir um líder brutal por outro um pouco maleável, mas concentrador e dominador.

No segundo decênio da Terceira Modernidade (e Segundo Iluminismo) nosso país continua preso aos desígnios de grupos dinásticos na política, na educação, na economia, os quais continuam lutando com todas as armas possíveis para não serem substituídos pelo novo. Isto se percebe de forma bem firme com o processo de reeleição de prefeitos, governadores, presidentes e, pior ainda, vereadores, deputados e senadores. A reeleição é uma das principais ferramentas de oposição ao novo, além de inibir a memória do povo para os fatos que denigrem nossa ética e nossa moral, visto que, passados quatro anos, já não haverá mais memória na mente do povo para os fatos e os atos divulgados pela mídia envolvendo esses políticos que estão e continuarão no poder.

Mas o novo vai vencer a despeito da resistência à mudança e, para mim, o que os propagadores de uma Era de Abundância pregam só poderá ocorrer com o fim da propriedade individual negativa, acumuladora e exclusora e a geração de um processo de posse coletiva sem desvalorizar os proprietários positivos e criativos que fazem uma parceria progressista para o bem comum; sem estas ações, não podemos falar em decrescimento, em redução da pobreza, em índice nacional de felicidade (INF) – como uma nova invenção da criatividade humana para medir o desenvolvimento per capita de uma região ou um país –, enfim não será possível se concretizar uma Era Antropocena não destrutiva, mai criativa, que respeite e escute com firmeza a Voz da Natureza, e que promova a inclusão de que tanto carece o homem em todos os pontos do Planeta.


Assim, poderemos ter uma Nova Utopia que respeite a Natureza, o Planeta, o Ser Humano em totalidade, em sentido holístico, e novos Maio de 68 virão com novas e boas novas ideias, para proporcionar ao homem uma mais efetiva consolidação do conhecimento para o bem.