MAIO DE
68! A Utopia Acabou?
Lá se vão 45 anos! E aqui estamos os remanescentes dos episódios que
marcaram uma das mais interessantes manifestações (como uma mensagem para uma
revolução que não aconteceu... ainda) libertária. Por que os “intelectuais”
ocidentais desenvolvidos e subdesenvolvidos, temem o Libertarismo que também
pode ser chamado de Anarquismo Evolucionista?
Talvez os acontecimentos de Maio de 68 na França e seus filhotes
magricelas que aconteceram em vários países do Ocidente, tenham causado medo
aos senhores da Intelligentsia que ou
estavam no poder dominador e dominante ou estavam pendurados direta ou
indiretamente às beiradas daqueles poderosos.
Diga-se, de passagem, que havia medrosos tanto na direita liberalista
e nacionalista como na esquerda socialista, stalinista, maoistas e trotskista.
As resistências a mudanças que envolvem o fim de governanças corruptas, de
governos centralizadores, de senhores de propriedades roubadas da natureza e do
povo (afinal, a Propriedade é um Roubo!, como bem asseverou o grande pensador
anarquista Proudhon) foram até bem sucedidas em várias regiões do Planeta,
algumas resultando até em regimes políticos muito mais fechados, como foi o
caso do Brasil.
Isto é certo. O velho resistirá até onde lhe for possível para que o
novo não se projete. Verifica-se este tipo de resistência em todos os
ambientes: desde os familiares – quando os pais, ao avós e os tios mais velhos
criam barreiras para a novidade e a avanço dos filhotes em sua luta pela
libertação – até os sociais e políticos, os econômicos e empresariais – estes
por sinal representam a grande força de resistência em defesa da propriedade
individual negativa e contra a propriedade pluralista como pensou Proudhon,
quando ele fala sobre a posse positiva como uma forma de se organizar a
economia e a vida em sociedade.
E qual era mesmo o sentido (senão o propósito primário) dos jovens de
68? Qual era mesmo o sentido do “É Proibido Proibir”? Era a construção de uma
nova Utopia ou era um manifesto contra a utopia do poder centralizado, do poder
dos grandes proprietários? Se a utopia prevalente era (como ainda é, apesar dos
vários processos de aprendizagem porque passamos até hoje) a da preservação a
qualquer custo da propriedade, qualquer forma de contra-utopia seria (e será)
reprimida pela força, como ocorreu ao longo de 68.
O ponto nevrálgico do sistema repressivo é a proteção da propriedade
porque é nela que nasce a riqueza, a usura, a ganância e o lucro da feudalidade industrial, como diria
Proudhon tomando de empréstimo a expressão criada por Fourier.
Estamos a 45 anos falando em “liberdade, liberdade”, para não recuar
ainda mais no tempo social e tudo o que temos feito é proteger o egoísmo
negativo e perdulário gerador de usura e violência e que resiste a uma educação
libertária para os jovens, pelo menos aqui neste país.
A Utopia acabou? Ou estamos ainda com o grito da transformação
engasgado na garganta dos jovens de ontem, uma vez que aos jovens de hoje não
foi permitido se aproximarem dos conceitos revolucionários que dinamizaram os
jovens de ontem?
O sistema de educação a serviço do poder dominador e dominante travou
em todo o mundo o Aprender a Pensar
porque uma população que pensa representa um potencial acervo revolucionário, o
que não interessa aos donos do poder de ontem e de hoje e esse sistema
educacional autoritário reprime severamente qualquer pensador que se atreva a
introduzir no ambiente escolar e acadêmico conceitos que firam os interesses
feudo-comercial-industrial.
Mas, o mundo contemporâneo caminha de modo acelerado para uma violenta
(e perigosa) entropia e já se está discutindo o fim do homo sapiens ou temas
como avanço da Era Antropocena ou, ainda, para alguns otimista emergentes, o
fim da miséria e começo da abundância. Estes foram os temas que circularam nos
últimos meses pela netmídia, para não falar dos novos aficionados debatedores
do tema mais à esquerda chamado de decrescimento.
Parece-me que o que sobrou dos intelectuais de 68 – visto que foram
muitos os que se engajaram ou estavam começando uma carreira intelectual nos
confrontos de Paris/maio de 68 – e que agora vem à tona através desses e de
outros temas interessantes e que poderiam até somar-se em torno de um grande projeto planetário, uma vez que
a netmídia tem sido utilizada para algumas “primaveras árabes” que, no máximo,
conseguem substituir um líder brutal por outro um pouco maleável, mas
concentrador e dominador.
No segundo decênio da Terceira Modernidade (e Segundo Iluminismo)
nosso país continua preso aos desígnios de grupos dinásticos na política, na
educação, na economia, os quais continuam lutando com todas as armas possíveis
para não serem substituídos pelo novo. Isto se percebe de forma bem firme com o
processo de reeleição de prefeitos, governadores, presidentes e, pior ainda,
vereadores, deputados e senadores. A reeleição é uma das principais ferramentas
de oposição ao novo, além de inibir a memória do povo para os fatos que
denigrem nossa ética e nossa moral, visto que, passados quatro anos, já não
haverá mais memória na mente do povo para os fatos e os atos divulgados pela
mídia envolvendo esses políticos que estão e continuarão no poder.
Mas o novo vai vencer a despeito da resistência à mudança e, para mim,
o que os propagadores de uma Era de Abundância pregam só poderá ocorrer com o
fim da propriedade individual negativa, acumuladora e exclusora e a geração de
um processo de posse coletiva sem desvalorizar os proprietários positivos e
criativos que fazem uma parceria progressista para o bem comum; sem estas
ações, não podemos falar em decrescimento, em redução da pobreza, em índice nacional de felicidade (INF) – como
uma nova invenção da criatividade humana para medir o desenvolvimento per
capita de uma região ou um país –, enfim não será possível se concretizar uma
Era Antropocena não destrutiva, mai criativa, que respeite e escute com firmeza
a Voz da Natureza, e que promova a inclusão de que tanto carece o homem em
todos os pontos do Planeta.
Assim, poderemos ter uma Nova Utopia que respeite a Natureza, o
Planeta, o Ser Humano em totalidade, em sentido holístico, e novos Maio de 68 virão com novas e boas novas
ideias, para proporcionar ao homem uma mais efetiva consolidação do conhecimento para o
bem.
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